Chico Preto e a Dita Cuja
(23/05, Café e Cultura, Itajaí)
entre os artistas que circulam por Itajaí e região, um dos melhores hoje é, sem qualquer dúvida, Chico Preto. não sou muito afeito a comparações, mas para mim é impossível não fazer tal afirmativa após a apresentação de sábado (23) à noite, no Café e Cultura, acompanhado da sua banda, a Dita Cuja.
enquanto a maioria das nossas cantoras – com poucas e honrosas exceções – disputam para ver quem esganiça mais ou para ver quem melhor imita (ou produz infames caricaturas) de Elis Regina, Maria Rita & “unanimidades” semelhantes, Chico Preto já começa somando pontos simplesmente por não forçar a barra.
a voz, limpa, sai com naturalidade. sem os malabarismos tolos que caracterizam os emergentes da pseudo-emepebê. e de forma simples e honesta, sem estrelismos, vai direto ao ponto e mostra o seu poder de fogo.
em vez de imitar gente consagrada pelas mídias, o artista parece investir numa identidade própria. e, assim, revela algo extremamente interessante: uma africanidade intensa, transbordante, mas com sotaque “peixeiro”, made in Itajaí. é o local conectado ao universal. e isso se reflete também no repertório, que além de trabalhos próprios e de parceiros, inclui os xarás: os Chicos Science e César – “são sons, são sons, são sons…” –, Lenine, Marcelo Yuka, e por aí vai. coisa fina.
outra característica marcante de Chico Preto e A Dita Cuja é a formação. além da banda convencional, com a clássica formação guitarra-baixo-bateria – todos muito bons, excelentes, diga-se de passagem –, o som ganha cara própria com a percussão.
e é com a força dos tambores e do pandeiro que “a coisa pega” e se faz presente o axé – entenda-se aqui como a energia vital, no conceito africano, e não essa indigência pop-musical baiana que grassa por aí. é dançando – movendo o corpo como se estivesse em transe, numa dança de orixá – ou percutindo, que o artista se entrega e permite fundir-se à própria música em que está imerso e que ele mesmo faz emanar.
quem esteve no Mercado na noite de sábado foi agraciado por Chico Preto e a Dita Cuja com um espetáculo único. singular como o próprio artista, cuja performance mostrou que, tão importante quanto ter o corpo fechado, é ter também a inspiração aberta.
texto e fotos: andré pinheiro
O show tava muito massa e o teu texto também, garotos talentosos… valeu!
Fechado com vc Pinheirão! Chico é mesmo o cara! Não vejo a hora de colocá-lo no you-tube!
sim, essa parada de imitar é tola pacaramba. cada um tem de ser o que é.
=D
marcos
Show de primeira, repertório excelente, muito bom mesmo! Fico na torcida para que o Chico Preto e a Dita Cuja tenha muito sucesso e que esse sucesso não fique restrito a Itajaí – e aqui entre nós, estou cansada de ouvir tanta tranqueira na rádio enquanto há tanta gente boa por aí – taí seu chico que não me deixa mentir!
muito bom o empenho do Chico no mundo da musica local, como um percussionsta que se viu numas de compor e cantar.
É um cara que sabe ouvir as pessoas e age com o coração. Sucesso, Chico!
A questão de imitação artistica, acho que deve ser porque o espelhamento com o ídolo ofusca a individualidade e gera o auto engano. É uma fase, as vezes longa demais. A gente está sempre num caldeirão de auto engano, quando não é com uma coisa é com outra.
grande abraço, André!
Muito bom o texto! Ei-la, a crítica de arte. Quem lê os jornais impressos mais conhecidos nem sabe que ela existe. E eu não sabia do Chico Preto. Agora quero ver.
abraço
e sexta 17 jul tem de novo no cafe…mercado pub
Oi, André,
Hoje que descobri teu blog, embora blog seja uma coisa taaaao ano 2000.
Brincadeira, também abri um em parceria com dois colegas, sobre nada. E estou curtindo.
Paz e bem!
J F Borba