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Archive for setembro \30\+00:00 2007

a caveira

Túmulo do poeta João da Cruz e Sousa

A Caveira

  

I

Olhos que foram olhos, dois buracos

Agora, fundos, no ondular da poeira…

Nem negros, nem azuis e nem opacos.

         Caveira!

  

II

Nariz de linhas, correções audazes,

De expressão aquilina e feiticeira,

Onde os olfatos virginais, falazes?!

         Caveira! Caveira!!

  

III

Boca de dentes límpidos e finos,

De curve leve, original, ligeira,

Que é feito dos teus risos cristalinos?!

         Caveira! Caveira!! Caveira!!!

                                                     

                                                     Cruz e Sousa

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João da Cruz e Sousa: expressão maior do Simbolismo brasileiro.

Sarau Benedito homenageia Cruz e Sousa nesta segunda

Poeta negro foi o expoente maior do Simbolismo no Brasil. Encontro literário terá início às 21 horas, no Aldeia Bistrot, em Itajaí. A entrada é gratuita.

Desterro. O antigo nome de Florianópolis é também uma palavra que diz muito sobre a própria vida de Cruz e Sousa. Ao traduzir em versos uma imensa carga de padecimentos o poeta, dono de uma alma extremamente sensível, tornou-se a figura maior do Simbolismo brasileiro.

Nesta segunda, dia 1º, João da Cruz e Sousa será o homenageado do Sarau Benedito. Com entrada gratuita, o evento acontece a partir das 21 horas, no Aldeia Bistrot, em Itajaí.

Iniciado em fevereiro deste ano, o Sarau Benedito é um encontro literário que acontece quinzenalmente nas noites de segunda-feira. Marcado por leituras e declamações de poemas de autores consagrados e de novos nomes da nossa literatura, o evento vem reunindo um bom público no Aldeia Bistrot.

Na abertura do Sarau, os organizadores apresentam e fazem leituras sobre o tema ou o homenageado da noite. Num segundo momento, após os comentários e leituras ou declamações de Cruz e Sousa, o microfone serão abertos a todos aqueles que estiverem dispostos apresentar poemas, sejam eles de própria autoria ou de outros poetas. O Sarau Benedito é promovido pelo coletivo de escritores responsável pela produção do caderno literário CLAP.

O Aldeia Bistrot fica próximo à Igreja Matriz e ao Hospital Universitário Pequeno Anjo. Para aqueles que moram longe, várias linhas passam pelo ponto de ônibus que fica bem ao lado do local.

Cruz e Sousa

Nascido na então capital da província de Santa Catarina em 1862, o poeta negro experimentou uma vida marcada por humilhações, sofrimentos e privações até 1898, quando morreu de tuberculose na localidade de Sítio (MG). Filho de escravos, o menino negro batizado em homenagem a São João da Cruz herdou o sobrenome Sousa de seus senhores, que também oportunizaram a sua instrução.

Ainda em Santa Catarina, a perseguição racial o impede de assumir o cargo de promotor público em Laguna. Em 1890, segue para o Rio de Janeiro, onde conhece a poesia simbolista francesa. Escreve para alguns jornais e, no ano de 1893, publica os livros Missal e Broquéis.

Embora já tivesse publicado e fosse bastante conhecido, tudo o que consegue é um emprego miserável na Estrada de Ferro Central. Com sua esposa, Gavita, tem quatro filhos. Dois deles morrem e Gavita enlouquece, passando por várias internações em hospitais psiquiátricos. Lutando contra todas as adversidades possíveis, imagináveis e inimagináveis para um negro letrado que buscava inserção social logo após a abolição, contrai tuberculose e vem a falecer antes de completar 36 anos de vida.

Texto: André Pinheiro / SC 01159-JP

Fotos do Sarau Benedito no blog saraubenedito.wordpress.com

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Estréia do Espetáculo Devoradores de Livros

Confira neste final de semana, na Casa da Cultura Dide Brandão, o espetáculo “Devoradores de Livros”. A peça é o resultado do trabalho do Grupo Porto Cênico, que, por meio da literatura, construiu uma dramaturgia voltada para o público infanto/juvenil.

Por considerar a literatura uma fonte de conhecimento, saberes e cultura que traz consideráveis benefícios para a educação da criança, o espetáculo propõe uma reflexão acerca dos hábitos de leitura e sua importância para o encontro de poesia na vida cotidiana. A encenação é conduzida por duas traças comedoras de papel, metáfora ideal para abordar o assunto, já que elas se alimentam dos livros abandonados, esquecidos nas prateleiras. A traça Bete já devorou muitos livros e a traça Abgail está começando a mudar sua rotina, e assim, ambas ingressam num universo de brincadeira, fantasia e gostosuras.

A dramaturgia é permeada por duas histórias da literatura infantil: “O Pequeno Fantasma”, de Manuel Bandeira, e “O Pote Vazio”, de Demi, escolhidas por abordarem termas pertinentes ao universo da criança: os medos, a solidariedade, honestidade e auto-estima da criança frente as suas limitações. Vá ao teatro, leve seus filhos e comemore a cultura.

  

Ficha Técnica

Atuação: Valéria de Oliveira e Caroline Carvalho

Direção: Leandro De Maman

Dramaturgia: O Grupo

Figurinos e Cenografia: Samara Zukoski

Trilha Sonora Original: Chico Preto e Mr. Chuck

Design Gráfico: Leandro de Maman e Samara Zukoski

Fotografia: Leandro de Maman e Samara Zukoski

Produção: Grupo Porto Cênico

  

Onde, quando, como…

Estréia: 29 e 30 de setembro de 2007

Local: Casa da Cultura Dide Brandão – Itajaí/SC

Horário: 16 horas

Ingresso: R$ 10,00 – meia entrada para estudantes e idosos

Mais informações: http://www.portocenico.com.br ou pelo fone 9975-7270

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cosme, damião e doum.

oi, salve as crianças!

27 de setembro

  

  

dia de Cosme, Damião e Doum.

salve todas as crianças!

                                

                                               andrepinheiro, 27/09/07

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Posse: Álvaro Castro (ao centro), acompanhado por Nelson Abraão e Edite Post Alves

Academia Itajaiense de Letras tem nova diretoria

numa quarta-feira (26) marcada pela despedida do escritor e produtor cultural Beto Leão – falecido na noite anterior – foi eleita a nova diretoria da Academia Itajaiense de Letras. a votação aconteceu na Biblioteca Pública Municipal Norberto Cândido da Silveira Jr.

a eleição, que tinha primeira chamada marcada para as 18 horas, foi realizada somente na segunda convocação, às 19 horas, devido à falta de quorum. o presidente Adilson Amaral conduziu a sessão e, devido ao comparecimento de poucos acadêmicos, a chapa única foi eleita por aclamação.

em seguida, Amaral transmitiu o cargo ao novo presidente, Álvaro Castro. a nova diretoria é composta ainda por Fernanda Moroso (vice-presidente), Magru Floriano (secretário), Nelson Abraão (tesoureuro) e Edite Alves (bibliotecária).

em seu discurso de posse, Álvaro Castro enfatizou a dívida que a Academia e os seus membros têm com a sociedade e demonstrou sincera vontade de promover iniciativas que integrem os acadêmicos tirem a AIL da imobilidade.

competência e criatividade para isso não faltam. desejamos sucesso e acreditamos na capacidade da nova gestão.

                       andrepinheiro, 27/09/07 

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concerto de primavera

...primavera chegou.

Teatro Municipal recebe o Concerto de Primavera na próxima sexta

Espetáculo integra o Projeto Cultural 4 Estações, que completa dez anos e chega à sua 33ª edição. Com entrada gratuita, objetivo é tornar a música erudita acessível ao público.

Em Itajaí, a chegada da nova estação será marcada pelo Concerto de Primavera 2007. Com a participação do Coral Vozes do Vale, pianista e solistas, sob a regência de Nilton Silva, o espetáculo acontece na próxima sexta, dia 28, às 21 horas, no Teatro Municipal de Itajaí. A entrada será gratuita.

O Concerto de Primavera integra o Projeto Cultural 4 Estações, que está completando dez anos. O responsável pelo seu início, em 21 de setembro de 1997, foi Nilton Silva, diretor musical e presidente da escola de música Associação Dramático Musical de Itajaí (Admita).

O Projeto Cultural 4 Estações tem como objetivo cultivar a música erudita e torná-la acessível ao público itajaiense em forma de concertos. Com os espetáculos, é possível desmistificar o conceito de que a música erudita monótona ou de difícil compreensão, mostrando toda a sua força, beleza e poder de introspecção. O projeto é importante também para ressaltar a importância dos artistas locais no contexto da cultura regional e universal, além de contribuir para o seu aprimoramento artístico.

O Concerto

O Concerto de Primavera 2007 será a 33ª edição do Projeto Cultural 4 Estações. Subirão ao palco do Teatro Municipal de Itajaí o Coro Vozes do Vale e três solistas que trazem na sua formação a marca da escola de música Admita. “Eles são a prova viva de que a nossa cidade é o porto da música de todos os gêneros e estilos”, afirma o presidente da Admita, Nilton Silva, que também é maestro e professor de canto lírico.

Com duração aproximada de 1 hora e 30 minutos, a apresentação levará ao público dois gêneros da música erudita: a música operística (árias para soprano e partes corais) e a música sacra erudita.

Sob a regência de Nilton Silva, estarão no palco o Coro Vozes do Vale, as solistas Daniela Fernandes, Letícia Liberato Kikuchi Silva e Lurdes Maria Pradi Vechi, e o pianista Alberto Damian Montiel. Serão apresentadas composições de Verdi, Bizet, Gershwin, Mozart, Haydn, Puccini, Handel e Carl Orff.

Fontes: Admita – Escola de Música: 3344-5234 / www.admitaescolademusica.com.br / Teatro Municipal de Itajaí: 3349-6447

Texto: André Pinheiro / SC 01159-JP

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27

fica com Deus, amigo.

27

para M. M.

  

o sorriso: incandescente intensidade

e a luminosidade

irreversível no olhar

 

fica conosco

o brilho singular

desse cometa

que tão rápido passou

mas na memória

permanecerá

  

como um anjo

sem asas,

seguiu seu caminho

e

pela janela

do adeus

voou,

de encontro à transcendência

  

deixou para nós

lembranças, saudades,

perplexidade

e este patético

pastiche de Dylan:

 

“with no direction home

like a rolling stone,

boy,

you just left us alone”

                                        

                                                    andrepinheiro, 23/09/2007 

 

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nós

nós

embora não pareça, sabemos muito bem aquilo que queremos. além disso, sabemos muito bem a que viemos. muito mais do que empregos, nos interessam trabalhos. temos uma sede insaciável de poder: não enquanto substantivo, pelo qual se luta e se oprime e que se acumula, cristaliza; queremos beber na fonte da liberdade as águas do poder enquanto verbo: aquele poder que se conjuga. “eu posso, tu podes, eles podem…”… e nós podemos! podemos e também fodemos com uma série de formas acabadas, práticas esgotadas e manifestações de um pensamento conservador e tacanha. sem compaixão: com fúria e leveza, fodemos por paixão e prazer, desejo de criar e vontade de fazer.

por entre os túmulos da poética que produzem esse nosso cemitério da inventividade – auschwitz-nosso-de-cada-dia -, vagamos em busca de tochas que iluminem a nossa procissão. nesta expedição, à beira desta estrada, não somos vãs guardas, guardiões de nada. buscamos apenas o nosso graal: não necessariamente o belo ou o óbvio, mas o novo, o imprevisível, o singular: matéria-prima da poesia.

determinados e com a constância de ritmistas, parecemos-somos neo-alquimistas. nossa pedra filosofal? o amor. diluído sob as mais diversas formas. o amor: livre e disforme massa de modelar à espera das mãos de irrequietas crianças. o amor: materializado em verso, voz e gesto; força imortal, suave licor que escorre das garrafas do tempo.

malditos ou beneditos? iconoclastas, irreverentes, efervescentes… who fuck are we? nothing, meu bem, nada de mais. sim, como já disseram, somos auto-indulgentes e muito generosos conosco mesmos. andando a sós, somos simplesmente nós. nós somos todos aqueles que me acompanham. nós somos eu e todos os outros eus que convivem comigo em mim. e também todos os outros eus que nesta(s) jornada(s) nos acompanham.

                                       andrepinheiro, 19/09/2007

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pode ler que é quente!

Casa Aberta promove lançamento de livro

“Tempo de ordem” é um elogio incidental à inutilidade e à preguiça

No próximo sábado, 22, às 10h, o jornalista José Isaías Venera lança seu primeiro livro, “Tempo de ordem: a construção discursiva do homem útil”, na Livraria Casa Aberta, em Itajaí. O autor, que publicou a obra pela Editora Univali, analisa excessivamente fontes das primeiras décadas século 20, com destaque ao Estado Novo (1937-1945), para mostrar uma verdadeira arquitetura discursiva de disciplinamento de corpos e mentes.

Com inspiração em Franz Kafka e Michel Foucault, o autor percorre significantes que expressam ordem e funcionam a martelada no mais íntimo das pessoas, como uma voz que impõe uma única forma de existir. Ao mesmo tempo em que o autor mostra o ordenamento do Brasil por meio, sobretudo, da campanha de nacionalização no Estado Novo, deixa uma porta aberta, como a de um castelo por aonde os plebeus eram lançados para fora, quando não tinham mais utilidade ou não se deixavam ser adestrados.

O livro “Tempo de Ordem”, ao mostrar os dispositivos usados para construção de sujeitos úteis à nação, potencializa a vida no seu direito à preguiça e à inutilidade, mesmo que essas condições humanas não sejam, diretamente, ditas por Venera, mas estão presentes como uma voz que clama por libertação.

Na mesma ocasião, o grupo de escritores do CLAP (Caderno Literário), que se reúne quinzenalmente para a realização do Sarau Benedito, vai estar presente recitando poesias e fazendo outras performances referentes ao tema do livro.

Mais informações: (47) 3045-5815, ou com Isaías, pelo 9912.0373.

 Texto: Roberta Bittencourt (SC-01528-JP)

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ser e parecer

ser e parecer

a menina forja um ar compenetrado e sempre carrega livros nas mãos para parecer inteligente. aquele distinto senhor não abdica do paletó e da gravata: é preciso estar bem vestido para agradar. o jovem com mentalidade adolescente utiliza expressões como "merda", "porra" e "filhadaputa" em seu discurso quando não tem nada a dizer mas precisa demonstrar opinião ou atitude.

uma senhora sem horizontes e sexualmente insatisfeita entra numa loja e gasta dois salários mínimos em futilidades com o único propósito de compensar sua frustração e seu estado emocional precário. como atravessa uma grande crise criativa, o escritor simplesmente despeja no papel palavras que formam versos sem sentido para dar origem a uma poesia inútil e esprovida de nexo: mais do que escrever, é necessário lançar livros, muitos livros.

militantes nem sempre têm motivos para protestar, mas aderem a toda e qualquer passeata, greve ou paralisação, mesmo que sejam as mais absurdas: é preciso mostrar toda hora ao mundo o quanto são engajados e combativos. a ilustre pensadora não entendeu direito o assunto e disfarça isso muito bem ao construir evasivas rebuscadas e recheadas de termos difíceis, justificadas por Foucault, Nietzsche, Gramsci, Bordieu...fake. very very fake. imagem é tudo. a vida é um simulacro; pessoas são autênticas fraudes. mais importante do que ser é parecer.até quando levaremos isso adiante?

                   andrepinheiro, 2004

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